Mas porque Almas Castelos? Eu conheci algumas. São pessoas cujas almas se parecem com um castelo. São fortes e combativas, contendo no seu interior inúmeras salas, cada qual com sua particularidade e sua maravilha. Conversar, ouvir uma história... é como passear pelas salas de sua alma, de seu castelo. Cada sala uma história, cada conversa uma sala. São pessoas de fé flamejante que, por sua palavra, levam ao próximo: fé, esperança e caridade. São verdadeiras fortalezas como os muros de um Castelo contra a crise moral e as tendências desordenadas do mundo moderno. Quando encontramos essas pessoas, percebemos que conhecer sua alma, seu interior, é o mesmo que visitar um castelo com suas inúmeras salas. São pessoas que voam para a região mais alta do pensamento e se elevam como uma águia, admirando os horizontes e o sol... Vivem na grandeza das montanhas rochosas onde os ventos são para os heróis... Eu conheci algumas dessas águias do pensamento. Foram meus professores e mestres, meus avós e sobretudo meus Pais que enriqueceram minha juventude e me deram a devida formação Católica Apostolica Romana através das mais belas histórias.

A arte de contar histórias está sumindo, infelizmente.

O contador de histórias sempre ocupou um lugar muito importante em outras épocas.

As famílias não têm mais a união de outrora, as conversas entre amigos se tornaram banais. Contar histórias: Une as famílias, anima uma conversa, torna a aula agradável, reata as conversas entre pais e filhos, dá sabedoria aos adultos, torna um jantar interessante, aguça a inteligência, ilustra conferências... Pense nisso.

Há sempre uma história para qualquer ocasião.

“Ide por todo o mundo e pregai o Evangelho a toda criatura” (Mc. 16:15)

Nosso Senhor Jesus Cristo ensinava por parábolas. Peço a Nossa Senhora que recompense ao cêntuplo, todas as pessoas que visitarem este Blog e de alguma forma me ajudarem a divulga-lo. Convido você a ser um seguidor. Autorizo a copiar todas as matérias publicadas neste blog, mas peço a gentileza de mencionarem a fonte de onde originalmente foi extraída. Além de contos, estórias, histórias e poesias, o blog poderá trazer notícias e outras matérias para debates.

Agradeço todos os Sêlos, Prêmios e Reconhecimentos que o Blog Almas Castelos recebeu. Todos eles dou para Nossa Senhora, sem a qual o Almas Castelos não existiria. Por uma questão de estética os mesmos foram colocados na barra lateral direita do Blog. Obrigado. Que a Santa Mãe de Deus abençoe a todos.

sábado, 27 de agosto de 2011

Ícones bordados de Nossa Senhora – Parte 1


A palavra ícone vem do Grego "eikon" e significa imagem. Normalmente são pinturas em superfície de madeira ou em outro material. Poucos conhecem sua existência, mas quem entra na Igreja de São Bento, no centro da cidade de São Paulo (Brasil) há um ícone russo muito precioso da Madona de Kasperovo.

Trata-se do ícone de “Nossa Senhora de Kasperovskaia” que está embutido na primeira coluna à direita de quem entra pela porta principal da Basílica do mosteiro. Originalmente este ícone estava acomodado em um pequeno estojo em formato de pequeno oratório. O ícone foi doado ao Abade Dom Miguel Kruse, por um oficial russo, no início do Século XX em testemunho da gratidão pelos benefícios concedidos pelo abade aos refugiados do comunismo após a Revolução Russa de 1917.

Detalhes do ícone: Trata-se de uma imagem de Nossa Senhora com o Menino Jesus em seus braços. A imagem está envolta num magnífico véu composto de seis mil minúsculas pérolas de tamanhos diferentes e formas irregulares, que cobre a cabeça e o corpo do menino Jesus. Nos resplendores de metal esmaltado que circundam as cabeças de Nossa Senhora e do Menino Jesus, estão incrustados rubis e turquesas. À direita e à esquerda do quadro, no alto, vêem-se as palavras gregas “Mether Theou” – Mãe de Deus. Na parte inferior há uma legenda que identifica o ícone “Kasperovskaia P. B.” – Kasperovskaia quer dizer “da cidade de Kasperovo”, localizada a 10 km da província da Kherson na confluência do rio Danúbio com o mar Negro e P. B. são abreviaturas das palavras Presviataia Bogoroditza que significa “Santíssima Mãe de Deus”.

Eu estava preparando uma postagem com esse assunto, quando recebi um e-mail tendo em anexo um pps, com os mais belos ícones de Nossa Senhora bordados com contas. Trabalho magnífico, sem dúvida. Desconheço o autor de tal trabalho, mas coloco os créditos de quem os formatou na forma de pps (compaginación albanandy@hotmail.com). Deixo de fazer qualquer outro comentário, pois as fotos abaixo falam por si. Fica aqui uma sugestão para quem gosta de artesanato e quer ornar a imagem de Nossa Senhora. Vejamos.

Iconos bordados com cuentas:




quinta-feira, 18 de agosto de 2011

O anjo da guarda salva São Paulo


A missão do Anjo da Guarda é nos acompanhar e proteger nesta nossa vida. Muitas vezes temos a intervenção direta do nosso Anjo da Guarda e não percebemos isso. Em "Atos dos Apóstolos" 27, 22-24, vemos uma bonita narrativa de como o Santo Anjo da Guarda salvou São Paulo e outras 276 pessoas.

O Anjo de Deus preserva São Paulo e outras 276 pessoas do perigo iminente de naufrágio. Ia o Apóstolo a caminho de Roma, em um navio, mas um vento impetuoso tornou arriscada a navegação. Jogou-se a carga no mar; nem assim, meio da confusão geral, Paulo manteve-se calmo, sem temor. Por fim disse à tripulação:

Agora porém vos admoesto que tenhais coragem, pois não perecerá nenhum de vós... Esta noite apareceu-me um Anjo de Deus, a quem pertenço e a quem sirvo, o qual me disse: Não temas, Paulo. Comparecerás diante de César, e Deus te concede a vida dos que navegam contigo.

E ninguém pereceu.

do livro: "Esta é a Hora dos Anjos..." Padre Pio e os Anjos - Giovanni P. Siena, páginas 50/51. Serviço de Animação Eucarística Mariana - Anápolis - Goias

terça-feira, 16 de agosto de 2011

São Vicente Ferrer, o Anjo do Apocalípse

São Vicente Ferrer nasceu em 1350, em Valência na Espanha. Estudou filosofia, teologia, exegese bíblica e sabia falar hebraico. Foi um religioso da ordem dos dominicanos.

Certo dia, estando em Avignon (França), caiu gravemente doente a ponto de quase falecer. Foi quando teve a visão de Nosso Senhor Jesus Cristo, acompanhado de São Domingos e São Francisco, conferindo-lhe a missão de pregar pelo mundo. Assim, repentinamente, recuperou a saúde.

Sua oratória, brilhante e cheia de fogo, mantinha entretanto a lógica imperturbável das argumentações escolásticas. Mas a atração que as pessoas sentiam por suas palavras era devida principalmente a dois fatores: a percepção da presença de Deus nele e o enlevo, cheio de consolações, ocasionado pela graça divina.

Ao chegar perto de uma cidade, a população vinha ao seu encontro, e todos disputavam um lugar próximo dele. E só escapava de ser esmagado porque andava no meio de pranchões sustentados por homens possantes. Em várias cidades, enquanto durava sua pregação, os negócios paravam, as lojas fechavam, as audiências dos próprios tribunais eram suspensas.

São Vicente trabalhou ardentemente pela conversão dos judeus e dos maometanos. Há historiadores que afirmam que converteu 25.000 judeus e 8.000 mouros. Exagero? Com milagres tão abundantes e portentosos, a pergunta não deve se pôr a um espírito sério e objetivo.

No Domingo de Ramos de 1407, na igreja de Ecija (Espanha), uma dama judia, rica e poderosa, que seguia seus sermões por curiosidade e desafio, sem ocultar os sarcasmos que fazia a meia voz, atravessou de improviso a multidão para sair. Não conseguia conter-se de raiva. O povo, explicavelmente, ficou indignado. "Deixai-a sair, disse o Santo, porém afastai-vos do pórtico", o qual caiu sobre ela, matando-a.

"Mulher, em nome de Cristo, volte à vida!", ordenou ele, e assim se fez. Após um tal milagre, não é de causar estranheza que essa senhora tenha prontamente se convertido à verdadeira Religião...

Naquela cidade, uma procissão anual passou a comemorar a morte, ressurreição e conversão da judia.

Quando se encontrava na Bretanha (França), percebeu que sua vida estava chegando ao fim, por causa de uma chaga que lhe envenenara a perna.

Depois de dez dias de agonia, assistido pelos amigos, pelos irmãos dominicanos e pelas damas da corte da Duquesa da Bretanha, entregou sua bela e combativa alma a Deus, com 69 anos de idade e várias décadas de luta no cumprimento de sua missão. Era o dia 5 de abril de 1419.

O processo de canonização começou no dia seguinte à sua morte e Roma reconheceu como fidedignos 873 milagres. Foi elevado à honra dos altares em 1455 pelo Papa Calisto III, o qual recebera, muito antes de ocupar a Sé de Pedro, uma profecia do Santo. Com efeito, durante uma das pregações que este último fez em Valência, entre a multidão dos que se aproximavam de São Vicente Ferrer para se encomendar às suas orações, prestou atenção em um sacerdote, que lhe pedia também a caridade de uma prece, ao qual o grande taumaturgo dirigiu as seguintes palavras: "Eu te felicito, meu filho. Tendes presente que és chamado a ser um dia a glória de tua pátria e de tua família, pois serás revestido da mais alta dignidade a que pode chegar um homem mortal. E eu mesmo serei, após minha morte, objeto de tua particular veneração".

NOTA: São Vicente Ferrer costumava chamar-se a sí próprio de "Anjo do Apocalípse".
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Fontes de referência:

* Frei Vicente Justiniano Antist, Vida de San Vicente Ferrer, in Biografía y Escritos de San Vicente Ferrer, BAC, Madrid, 1956.
* Ludovico Pastor, Historia de los Papas, vol. II, Ediciones G. Gili, Buenos Aires, 1948.
* José Leite S.J., Santos de Cada Dia, vol. I, Editorial A.O., Braga, 1987.
* Matthieu-Maxime Gorce, Saint Vincent Ferrier, Librairie Plon, Paris, 1924.
* Henri Gheon, San Vicente Ferrer, Ediciones e Publicaciones Espanholas S.A., Madrid, 1945.

(Trechos do que foi escrito por Roberto Alves Leite na Revista Catolicismo de abril de 1997)

sexta-feira, 12 de agosto de 2011

Estou Condenada


Quem salva uma alma, torna segura sua eterna salvação. Com os homens, Deus se comunica por muitos modos. Além de ser a própria Sagrada Escritura a Carta Magna de Deus aos homens, escrita e transmitida por homens autorizados, narra ela muitas comunicações divinas feitas por visões, inclusive sonhos. Deus continua a prevenir, ainda, por sonhos. É que sonhos não são sempre meros sonhos sem base.

Entre os papéis deixados por uma jovem que morreu num convento como freira, foi encontrado o seguinte depoimento:

“Tinha eu uma amiga. Quer dizer, éramos mutuamente achegadas como companheiras e vizinhas de trabalho no mesmo escritório M. Quando mais tarde Âni se casou, nunca mais a vi. Desde que nos conhecêramos, reinava entre nós, no fundo, mais amabilidade que amizade. Por isso eu sentia dela pouca falta, quando, após seu casamento, ela foi morar no bairro elegante das vilas, bem longe do meu casebre. Quando no outono de 1937 passei minhas férias no lago Garda, minha mãe escreveu-me, em meados de setembro:

“Imagine, Âni N. morreu. Num desastre de automóvel perdeu a vida. Ontem foi enterrada no cemitério do Mato”.

Essa notícia espantou-me. Sabia eu que Âni nunca fora propriamente religiosa. Estava ela preparada, quando Deus a chamou de repente?



Na outra manhã assisti na capela da casa do pensionato das irmãs, onde eu morava, à santa missa em sua intenção. Rezava fervorosamente por seu descanso eterno e nessa mesma intenção ofereci também a Santa Comunhão. Mas o dia todo eu sentia certo mal estar, que foi aumentando mais ainda pela tarde. Dormia inquieta. Acordei de repente, ouvindo como se sacudida a porta do quarto. Liguei a luz. O relógio, no criado mudo, marcava meia noite e dez minutos. Nada, porém, eu podia ver. Nenhum barulho havia na casa. Apenas as ondas do lago Garda batiam, quebrando-se monotonamente, no muro do jardim do pensionato. De vento, nada eu ouvia.

[...]

Refleti um momento, se devia levantar-me. Ah! Tudo não passa de cisma, disse-me resoluta. Não é senão produto de minha fantasia sobressaltada pela notícia da morte. Virei-me, rezei alguns Pai-Nossos pelas almas, e adormeci de novo.

Sonhei então que me levantava de manhã às 6 horas, indo à capela da casa. Quando abri a porta do quarto, dei com o pé num maço de folhas de carta. Levantá-las, reconhecer a escrita de Âni e dar um grito, foi coisa de um segundo.

Tremendo, segurei as folhas nas mãos. Confesso que fiquei tão apavorada, que nem podia proferir o Pai-Nosso. Fiquei presa de uma quase sufocação.


[...]

Sem a mínima dúvida era a escrita de Âni.

[...]

Eis aí A CARTA DO ALÉM DE ANI, V., palavra por palavra, tal qual a li no sonho:

“Clara! Não rezes por mim. Sou condenada. Se te comunico isso e se a respeito de algumas circunstâncias da minha condenação te dou pormenorizadas informações, não creias que eu o faça por amizade. Aqui não amamos a ninguém mais. Faço-o, como “Parcela daquele Poder que sempre quer o Mal e sempre produz o Bem”. Em verdade, eu queria também ver-te aqui, onde eu para sempre vim parar.
[S. Tomas de Aquino, Summa Theológica (S. Th.) Supplementum (Suppl.) q. 98, a. 4: "Os réprobos querem que todos os bons sejam condenados".]

Não estranhes esta minha intenção. Aqui pensamos todos da mesma forma. A nossa vontade está petrificada no mal – no que vós chamais “mal”. Mesmo quando fazemos algo de “bem”, como eu agora, descerrando-te os olhos sobre o Inferno, não o fazemos com boa intenção. [S. Th. Suppl. q. 98, a. 1: "Neles o autodeterminado querer é sempre de todo perverso".]

Trechos do livro: A Carta do Além – de Theol. Bernhardin Krempel, C.P - Imprimatur do original alemão; Brief aus dem Jenseits: Treves, 9/11/1953. N. 4/53. Aprov. Ecles. Deste opúsculo: Taubaté - est. De S. Paulo - 2/11/1955.

Quem quiser ler a íntegra deste livro pode faze-lo nos seguintes sites:

http://www.lepanto.com.br/dados/higgcart.html

ou

http://www.mariamaedaigreja.net/Biblioteca.html

quinta-feira, 11 de agosto de 2011

O corvo e a raposa


Hoje não trago uma história religiosa, apenas uma estória comum. A estória nos ensina muito bem que a Vaidade somente nos leva ao prejuízo:

O senhor corvo numa árvore empoleirado
Segurava no seu bico um queijo.
A senhora raposa, pelo odor atraída,
Dirigiu-se-lhe mais ou menos com estas palavras:
Olá! bom-dia, senhor corvo,
Como sois bonito! Como me pareceis belo!
Sem mentir, se o vosso gorjeio
For semelhante à vossa plumagem,
Vós sois a fénix dos habitantes destes bosques.
Com estas palavras o corvo não cabe em si de contente;
E para mostrar a sua bela voz,
Ele abre o grande bico e deixa cair a sua presa.
A raposa apodera-se dela e diz: "Meu bom senhor,
Aprendei que todo o bajulador
Vive às custas daquele que o escuta:
Esta lição vale bem um queijo, sem dúvida."
O corvo, envergonhado e confuso,
Jurou, mas um pouco tarde, que não o apanhariam mais.

Maître corbeau, sur un arbre perché,
Tenait en son bec un fromage.
Maître renard par l'odeur alléché ,
Lui tint à peu près ce langage :
«Et bonjour Monsieur du Corbeau.
Que vous êtes joli! que vous me semblez beau!
Sans mentir, si votre ramage
Se rapporte à votre plumage,
Vous êtes le phénix des hôtes de ces bois»
A ces mots le corbeau ne se sent pas de joie;
Et pour montrer sa belle voix,
Il ouvre un large bec laisse tomber sa proie.
Le renard s'en saisit et dit: "Mon bon Monsieur,
Apprenez que tout flatteur
Vit aux dépens de celui qui l'écoute:
Cette leçon vaut bien un fromage sans doute."
Le corbeau honteux et confus
Jura mais un peu tard , qu'on ne l'y prendrait plus.


Fabulas de La Fontaine
(Illustration de Gustave Doré)

quarta-feira, 10 de agosto de 2011

O ódio a Santo Amadour


Na última postagem escrevi sobre Rocamadour, a aldeia dos milagres. Agora restava escrever sobre o que restou de Santo Amadour e o ódio revolucionário que queria destruí-lo.

Rocamadour foi sem dúvida escolhido pela Providência para ser um desses lugares onde grandes prodígios se sucedem. Desde os primeiros tempos do cristianismo sabia-se que por ali repousava o corpo de Amadour. Mas onde exatamente? Numa das grutas, um oratório, dedicado ao Santo, é há séculos lugar de oração e milagres. Roc (em francês = rocha), portanto Rocamadour é a rocha, a gruta onde viveu Santo Amadour.

A lista de milagres ocorridos em Rocamadour é interminável. O monge Alberico publicou crônicas narrando, nas suas mais belas páginas, os inúmeros milagres.

No entanto as Revoluções Anti-Cristãs odiavam esse lugar santo. E de forma especial a Revolução Francesa que perseguiu cruelmente os católicos, fazendo com que muitas igrejas ficassem abandonadas, esquecidas e “encerradas” nas florestas francesas. Já narrei anteriormente a famosa e belíssima história do Pinta-Roxo (o pássaro que Nossa Senhora quis dar ao Menino Jesus).

http://almascastelos.blogspot.com/2010/04/o-pinta-roxo.html

Mas voltemos a Rocamadour e o fim trágico de Santo Amadour.

Ódio Revolucionário

Terrivelmente impressionante é o relato deixado nos arquivos de Rocamadour por uma paroquiana, a respeito da pilhagem do santuário, praticada pelos protestantes em 1562: “quando os huguenotes [calvinistas franceses] fizeram uma fogueira dentro da igreja paroquial de Santo Amadour, desejando assim queimar o seu corpo, Deus não o permitiu. Eles o despedaçaram então, roubando o relicário de prata”.

O santuário foi pois saqueado, e por dois séculos aqueles lugares veneráveis se degradaram. Do corpo de Amadour, incorrupto e flexível como em vida, nunca mais se ouviu falar. Diante de sua perfeição, não se detiveram as mãos sacrílegas dos que alegavam “reformar” a Religião. Sem ele, as peregrinações diminuíram enormemente. E quase desapareceram.

A Revolução Francesa de 1789 não fez senão agravar o estado de ruína daqueles lugares.

Animado pelas aparições de Nossa Senhora – sobretudo em La Salette, na rue du Bac (Paris) e em Lourdes – o fervor católico se reacende no século XIX. Oratórios e capelas de Rocamadour passam por restaurações, e hoje podem ser vistos em bom estado. E ainda envoltos na aura de santidade que não os abandonou jamais.

Assim Nelson Ribeiro Fragelli termina seu artigo: “Não foi fácil deixar Rocamadour no dia seguinte.” [...] “Tentava discernir à distância, num ultimo olhar, aquela aldeia grandiosa, de pedras brancas envoltas na névoa. Sem poder explicar o que são saudades, pois não se encontra vocábulo equivalente na língua francesa, eu já estava dominado por esse sentimento.”

(Trecho do escrito por Nelson R. Fragelli na Revista “Catolicismo” de junho de 1991)

sexta-feira, 5 de agosto de 2011

Rocamadour dos milagres

Um nobre cavaleiro, muito arrogante e orgulhoso, soube pelos seus comandados que havia uma grande movimentação no caminho de São Tiago de Compostela. Isso por que todo o cavaleiro cristão que peregrinava até a Igreja de São Tiago, era atribuído-lhe grande prestígio e trazia-lhe as bênçãos de Nossa Senhora, pois iria agradecer as grandes vitórias alcançadas.

Ora, o nobre arrogante passou a pensar que se não fosse em tal peregrinação, seria por que não tivesse obtido grandes vitórias nos combates. E assim, por mero orgulho, e no intuito de querer ser reconhecido como “grande vitorioso”, resolveu ir com sua cavalaria toda em tal jornada.

Assim, partiu com seus cavaleiros no caminho de Compostela.

Viajaram por dias. E em todos os lugares pelos quais passava, contava suas bravatas e que ia a Compostela para receber as honrarias de suas vitórias.

No caminho, havia uma pequena aldeia incrustada numa montanha. Era Rocamadour. A sua Igreja era famosa por seus milagres. Todo o cavaleiro ali parava e rezava, para depois continuar a viagem. Não poderia ser diferente com o arrogante nobre.

Porém aconteceu um fato espetacular. Ao se aproximar da Igreja foi barrado por uma força invisível. Era como se houvesse uma parede de vidro entre o nobre arrogante e a Igreja.
O cavaleiro fez de tudo para tentar entrar na Igreja, mas não conseguia.

Seus gritos de raiva foram atraindo as pessoas da região, bem como o padre que estava dentro da Igreja. Todos observavam sem entender porque o nobre não conseguia entrar na Igreja. Diante de todos, e já com sua arrogância estremada e envergonhado porque havia grande quantidade de pessoas, o nobre deu uma ordem aos seus cavaleiros.

Pediu a todos que descessem de seus cavalos, formassem uma fila, e empurrassem o nobre para dentro da Igreja. No entanto mesmo assim, o nobre como que prensado nessa parede invisível, não conseguia entrar na Igreja.

O padre que da porta da Igreja tudo via, teve uma visão e anunciou-a ao Nobre arrogante:

- Senhor, em vão gastareis de força para entrar neste lugar Santo, pois é a própria Virgem que lhe impede de entrar. Se não vos arrependerdes de seus pecados, jamais entrarás aqui.

Furioso, o nobre pedia ainda mais forças aos seus soldados, até que sangue lhe escorre pela boca.

Diante dessa situação, o nobre envergonhado pelo estado de sua alma, pede ao padre que, então, lhe receba em confissão. E lá mesmo confessou seus pecados.

Depois disso, olhando para a porta da Igreja, se dirigiu a ela e conseguiu entrar. Se ajoelhou, e profundamente arrependido de suas faltas, agradeceu a Nossa Senhora por ter lhe livrado do inferno.

Esta é uma pequena história narrada nas cantigas de Santa Maria do Rei Alfonso X.

No entanto o que é Rocamadour?

Pequena para ser considerada uma cidade, uma vila também não é. Os grandes fatos que nela se deram a colocaram acima dos povoados comuns. Incrustada numa montanha, sua configuração mítica reproduz a seu modo o personagem que lhe deu o nome: Amadour, que tendo vivido ao lado da Santíssima Virgem, como seu criado, tornou-se grande e miraculoso santo.

Zaqueu, judeu de Jericó, era tão pequeno que, dele dizem os Evangelhos, para melhor contemplar a passagem do Mestre por sua cidade, subiu numa árvore.

Notando seu enlevo, Jesus o chamou e lhe disse que pernoitaria em sua casa. Essa honra marcou sua conversão.

Segundo imemorial tradição existentes entre os católicos franceses, após a Ressureição de Jesus, não podendo mais servir o Mestre, Zaqueu tornou-se criado de sua santa Mãe.

Após a Assunção aos Céus de Maria Santíssima, não podendo mais servir à Mãe do Mestre, fez Zaqueu como fizeram Lázaro e Maria Madalena: veio servir àquela que futuramente seria, entre as nações, a primogênita da Igreja, a França, então denominada Gália. Nesse território de missão, Zaqueu era chamado de Amadour.

Viveu no sudoeste francês, não longe da fronteira espanhola, solitário, nas grutas do penhasco hoje conhecido como ROCAMADOUR.

Eis o que relata o abade do mosteiro-fortaleza do Mont Saint-Michel, Robert de Torigny, em 1170:

“No ano da Encarnação de 1166, um habitante da região, achando-se em seus últimos instantes, pediu aos seus, sem dúvida por inspiração divina, de enterra-lo à entrada do oratório. Cavando a terra, encontrou-se o corpo de Amadour, bem inteiro; foi colocado na Igreja, junto ao altar, e assim é exposto, íntegro, aos peregrinos”.

A descoberta do corpo de Santo Amadour multiplicou as peregrinações. Reis e santos ali foram rezar ao longo dos séculos. Multidões passaram contritas por aquelas rochas. São Francisco de Assis lá esteve. São Luis com sua mãe, Branca de Castela, e seus irmãos juntaram-se ao longo cortejo dos peregrinos.

(O trecho abaixo da Cantiga de Santa Maria, foi extraído na Revista “Catolicismo” de junho de 1991 – escrito por Nelson R. Fragelli)

quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Quem é mais forte?

O católico deve ser como um navio heróico que enfrenta os mares, depositando toda sua confiança em Deus, ou como uma Torre altiva e forte, pronta para resistir a tudo, apesar as ondas do mundo moderno.



Deus

Eu me lembro! Eu me lembro! Era pequeno
E brincava na praia; o mar bramia,
E, erguendo o dorso altivo, sacudia
A branca espuma para o céu sereno.

E eu disse a minha mãe nesse momento:
“Que dura orquestra! Que furor insano!
Que pode haver maior do que o oceano,
Ou que seja mais forte do que o vento?”

Minha mãe, a sorrir, olhou pros céus
E respondeu: “Um Ser que nós não vemos
É maior do que o mar que nós tememos
Mais forte que o tufão, meu filho, É Deus!”

(Casemiro de Abreu)

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

As Catacumbas e Santa Filomena


Para quem vai a Roma, não deve perder a oportunidade de visitar as catacumbas. De uma forma especial nos transportam para o início do cristianismo.

A Catacombe de San Callisto é muito interessante, mas a melhor de todas para se visitar, sem dúvida é a de San Sebastiano. Ao entrar nelas o guia já informa: quem tiver claustrofobia, avise.

Todas elas são formadas por galerias intermináveis sob o chão, estreitas e profundas formando um emaranhado de corredores, quase que intermináveis, com “andares” subterrâneos. O guia que acompanha conta a história da catacumba e dos santos mártires que lá estiveram.

Na catacumba de San Sebastiano há fragmentos dos pratos onde comiam São Pedro e São Paulo, entre outras relíquias preciosíssimas. Mas isso é matéria para uma outra postagem.

No entanto falei das catacumbas, por que numa delas foram encontrados os ossos de Santa Filomena (catacumba de Santa Priscila).

Santa Filomena foi uma princesinha grega, torturada e morta aos 13 anos de idade, por Diocleciano, imperador de Roma, no 3o. século da era cristã. Foi chicoteada e atravessada por flechas, quase até a morte, sendo milagrosamente curada por Deus na prisão. Condenada a se afogar com uma âncora presa no pescoço foi novamente salva por dois anjos. Toda essa fúria do imperador devia-se à recusa da princesa em casar-se com ele, por ter feito voto de castidade, tornando-se esposa de Jesus Cristo aos 12 anos. Nem os pedidos de seus pais, cujo reino estava ameaçado pelo exército do imperador, nem toda a tortura sofrida, conseguiram faze-la desistir de seus votos. Santa Filomena soube cumprir como ninguém o 1o. Mandamento: “Amar a Deus sobre todas as coisas”. Cansado pelas tentativas inúteis e furiosas, por ver que os sucessivos milagres convertiam muita gente, até os próprios soldados, Diocleciano mandou que cortassem a cabeça da princesinha, que se tornou assim mais uma Virgem Mártir do Cristianismo.

Viveu apenas 13 anos de idade... Que diriam disso os que querem desesperadamente viver e ter saúde para gozar a vida, como acontece muito em nossos dias?

Seus restos mortais foram encontrados nas Catacumbas de Santa Priscila, nos arredores de Roma, em 24 de maio de 1802 e foram levados para Mugnano Del Cardinali entre Nola e Avelino, perto de Nápoles, em 1805, no dia 10 de agosto, dia e mês em que coincidem com os de sua morte. Estão lá até hoje, e são incontáveis os milagres que ela já fez em favor de seus devotos. Milhares de fiéis no mundo inteiro atestam, maravilhados, o poder desta Santinha que não deixa nenhum de seus devotos ao desamparo. O Papa Pio IX foi milagrosamente curado por ela.

Foi nomeada uma das Padroeiras das Filhas de Maria em 1894. Leão XIII antes de ser papa, fez duas peregrinações a Mugnano. Pio X mandou por um enviado especial, um rico anel de ouro e outros presentes magníficos ao Santuário da Santinha, em Mugnano.

O CORDÃO DE SANTA FILOMENA

São João Batista Maria Vianney, o Cura d'Ars, foi o maior difusor do uso do Cordão de Santa Filomena. O Papa Leão XIII aprovou o uso do Cordão em 1893 e concedeu indulgências a todos os que o usarem e rezarem esta oração:

Ó Santa Filomena, Virgem e Mártir, rogai por nós para que, por meio de vossa poderosa intercessão, possamos obter a pureza de alma e de coração, que conduz ao perfeito amor de Deus.

Para lucrar as indulgências plenárias com o Cordão é preciso confessar-se, comungar, e visitar alguma igreja ou um doente, rezando pelas intenções do Papa.

Qualquer pessoa pode fazer o Cordão de Santa Filomena, que deve ser feito com fios de linho ou lã ou de algodão. Em suas extremidades, de um lado, o Cordão tem dois nós, e na outra 3 nós, simbolizando a Santíssima Trindade e as Chagas de Nosso Senhor Jesus Cristo. Os fios devem ter quantidades mais ou menos iguais em cores branco e vermelho. O branco simboliza a virgindade de Santa Filomena, e o vermelho seu martírio.

A faculdade para benzer os cordões de Santa Filomena foi dada aos Padres de São Vicente de Paulo, mas atualmente qualquer padre pode benzê-lo validamente. A oração oficial da bênção do Cordão é:

S- "Senhor Jesus, concedei que todos os que usem este cordão mereçam ser preservados de qualquer perigo e recebam a saúde da alma e do corpo."

O cordão deve ser usado na cintura, sob a roupa, e se possível não ser retirado. Se não for possível usá-lo na cintura, pode-se usá-lo no braço ou na perna.

O ÓLEO DE SANTA FILOMENA

Esse óleo milagroso é retirado de qualquer lamparina que esteja iluminando uma imagem ou estampa de Santa Filomena, para passar no local da enfermidade.